ECO acessório: geração de renda a partir de resíduos lenhosos urbanos.

Utilizando-se os conceitos do ecodesign foi desenvolvido uma linha de bio acessórios com materiais naturais e mais sustentáveis, em especial resíduos de madeira gerados pelas operações de manutenção arbórea (podas) realizadas no Distrito Federal, uma Unidade Federativa do Brasil.  A partir do reaproveitamento de resíduos sólidos lenhosos como uma alternativa sustentável e financeira, a gestão de resíduos sólidos urbanos pode ser melhorada e aperfeiçoada, além de permitir o desenvolvimento de um nicho de mercado promissor para o Design de Produtos.

Considerando as dificuldades do uso de materiais mais sustentáveis na produção de bioacessórios em consequência da falta de divulgação de informações a respeito dos novos materiais e suas características, da complexidade do processo de fabricação de peças muito pequenas de acessórios e do preconceito persistente na sociedade com uso de materiais reciclados e/ou reutilizados, foram utilizados como referencial o conceito de ecodesign definido por Karlsson e Luttropp para o desenvolvimento de produtos que objetivam a redução do impacto ambiental e usam a criatividade com processos tecnológicos mais eficientes sob o ponto de vista da sustentabilidade, permitindo assim um uso otimizado do material disponível e estimulando a geração de renda de uma forma mais acessível, permitindo ainda uma produção em escala com custo de produção reduzido.

Diante da problemática, buscou-se soluções que sejam capazes de superar as dificuldades encontradas na utilização de novos materiais mais sustentáveis na produção de acessórios de maneira a tornar o projeto executável. A escolha dos materiais foi feita a partir dos conceitos do Ecodesign visando seguir ao máximo seus princípios de: Materiais de baixo impacto ambiental; Eficiência energética; Qualidade e durabilidade; Modularidade; Reutilização/Reaproveitamento. A ideação e modelagem se utilizam tecnologia 3D, utilizando os softwares de modelagem SketchUp 2017 e o Autodesk Fusion 360. Já as etapas de produção seguiram técnicas de usinagem de baixa e média complexidade, com a utilização de equipamentos e ferramentas convencionais e não convencionais, tais como serras, plainas, furadeiras, fresadoras e máquina de corte a laser.

Como meio de viabilizar a produção dos objetos idealizados e ainda pensando como as fases de produção também pudessem partilhar e contribuir ainda mais com a concepção principal de redução de impacto ambiental, os bioacessórios foram conceituados sobre a ótica das formas geométricas; formas essas citadas como “a linguagem do homem” por Le Corbusier em seu livro “Por uma nova arquitetura”  publicado em 1931, e ainda tão presentes em nossa rotina: desde os elementos da natureza como também nos equipamentos da tecnologia que a tanto tempo já nos cercam. A escolha desses formatos permitiu uma facilitação ao se trabalhar com o material chave de nosso projeto (madeira) durante os processos de produção. Os bioacessórios, então, tomaram forma e função em meio a maquinários com uso de tecnologias atuais, como no uso de máquina de corte a laser; e processos mais convencionais, como o lixamento de madeiras e tecelagem manuais, tal como a confecção de tecido com a técnica de crochê. Partindo para o ideal de experiência do usuário, os produtos tocam com simplicidade a conexão estabelecida entre o emocional e o desejo pelo sustentável que as peças comunicam, tanto em seu processo de produção simplificada como em suas características autênticas e singelas.

A partir dos resultados obtidos com os protótipos idealizados há a possibilidade de se agregar valor as matéria primas utilizadas, em especial a madeira maciça, em função do processo de manufatura tecnológica atribuir valor competitivo de mercado, percebendo um valor adicionado bruto com o volume de madeira utilizado no produto final cerca de 3mil vezes maior que o valor do mesmo volume das madeiras em estado bruto.  Assim, esta proposta pretende destacar a importância do uso consciente e tecnológico da matéria-prima (madeira), de forma a se evitar o desperdício desse material em grandes proporções, como os descartes indevidos em ambientes urbanos e que causam vários problemas ambientais. Contribuir para o fortalecimento da consciência socioambiental no que se refere ao reaproveitamento tecnológico e econômico destes resíduos sólidos, pode favorecer uma qualidade ambiental urbana, contribuir para a geração de renda e melhorar o desenvolvimento sustentável no país.